A VI Corrida Fotográfica de Monchique – 2011


Vai um calcesinho dela?… Esta aqui prantí-a no tema ‘Gastronomia’

Antrô na Sexta Corrida
de Retratos de Monchique
voltô de cara caída
sem nada qu’ o justefique

nã ganhô prémo nenhum
foi béque-me um desperdiço
e anda prí um zum-zum
que fecô inzainadiço

foi pa lá fazer o quem
ia a filmar quái de gatas
nã vale nem um vintém
vá más é cavar batatas…

ó atão, pa devassar
assome-se à exposição
dos que sabem bem tirar
retratos de eleição.

O homem aventujando o milho antrô no tema ‘Profissões’…

Vejam só bem, mês beles amigos, o quo grandessíssem’ô estapor do Tóino Emilo – o ‘Moita’ le chamam, premode o homem ser narcido e criado na Desmoitada – nã m’ havera de fazer!… Tã penas le chigô ôs ôvidos quê cá nã tinha ganho coissíssema nenhuma na VI Corrida Fotográfica de Monchique, arrenjô logo estas quadras. Calhando, só pa m’ inzucrinar. Que lá gozão é ele…

Pre menes, foi o quo Zé Manel, o filho do mê compade Jôquim do Barranco, me contô. Quê cá, dezer a verdade, désna d’ há umas duas ó três semanas – pra más que pra menes – que nã no vejo e inda nã le falí no caso. Más, em o incontrando, logo le digo umas qontas. E daquelas quos cãs nã gostam!…

– Olha!… Nem d’ aprepósito… Àlém vem ele todo limpêro… Péra aí quê já le digo!…

Salta, logo, a minha Maria:

– Vê lá o qué que fazes praí!… Nã ofendas o homem… Olha que nã se sabe se foi ele…

– Ai nã se sabe… Atã o Zé Manel nã me contô?!..

Os castanheiros a dêxarem cair as folhas todas pra donde é qu’ haveram d’ ir? Pô tema ‘Outono’, tá bom de ver…

– Tejam pre qui com Dés, famila. Atã o qué que se fazem?…

– Ora o qué que se fazemos… Pràqui vamos…

Ramordí ê cá entre dentes, um coisinho, assim, com más modes, im reposta à conversa do Tóino. E ele, béque-me sintiu a ferroada, fez assim uns miécos de quem estranhô quasequer coisa. Más a minha Maria, sempre a querer atamancar tudo, falô-le, logo, munto bem:

– Venha com Dés, ti Tóino. Atã cmé que tem passado? Já há um belo tempo que nã parcia… Mái nã foi pre mal… ó foi?…

– Olhe, nã tem calhado… Mái, graças a Dés, nã tenho rezão de quêxa. Lá pro mê monte a coisa nã tem tado mal, nã senhora…

Ramordí ôtra vez, mái, agora, só cá pra mim:

– Adés minhas incomendas!… Queria-le dar uma desanda, cmé quê cá vô-me fazer isto agora?… A minha Maria meté-se logo de premêo…

Mái, vêo-me assim uma rabeada ô de cimba, digue-le, com os mémes más modes:

Esta, nã sê se fiz bem se fiz mal… Puse-a no tema ‘Caminhadas’…

– Atã e que tal de versos?… Des que têm andado prí a correr uns a mê respêto… Calhando, já passaram lá pro sê monte. Ó abalariam de lá…

– O qué que mecêa me diz, ti Refóias?!… Nã sê de nada… Fazeram-le praí alguma belareta?

– Nã sabe?!… Atã quem é que usa a tirar versos aí, pre tudo e pre nada, a isto e àquilo? Sô ê cá?…

– Ê cá tamém não… Só praí uma vez ó ôtra, já faz munto tempo, é que fiz umas coisalhas. Mái tudo sem emportãinça… Agora tirar-le versos a si, isso nem pensar!…

Ora nem pensar… Nã foi ôtro senã ele… Ê cá é que nã me podia adiantar, quo Zé Manel contô-me aquilo debaxo dum grande segredo… Mái, méme assim, inda voltí ô assunto:

– Atã se nã foi vomecêa, que jêto uma criatura me ter contado que mecêa sabia, já há uns belos dias, quem é que tinha e quem é que nã tinha ganhado os prémos daquela Corrida de Retratos que tá agora lá no ‘Espaço Jovem’ pa ser vista?

– E o qué quisso tem, ê cá saber uma coisa dessas? Ó ê m’ ingano munto ó anda aí a manita do Zé Manel, ali o filho do sê compade Jôquim do Barranco…

Esta aqui, atão, nã tem nada que saber. Foi pô tema ‘Religião’…

– Nã teja já com palpites, quê cá contí-le o milagre mái nã l’ alomií o santo… O Zé Manel nã é paqui chemado… Ê só gostava era de saber quem é que me tirô aqueles versos…

– Olhe, tamém ê cá… Mái lá queles tã fêtos ô consoante, lá isso tão… Mecêa nã fecô assim um coiseco infèzado dos ôtros todos le terem tirado a palhinha?… Atã, pronto…

– Qual infèzado nem mê infèzado!… Isso foi vancêa qu’ enventô tudo e pôs lá nos versos… Se nã fosse perquem, ê logo le dezia… Cuda quê que sô ceguinho e nã vejo logo que foi vomecêa?!… Nã têm mái nada que fazer, metem-se na vida dos ôtres…

– Ó ti Refóias, nã se marafe, home. Atã mecêa nã tem pre questume le dar assim essas gavierras e agora tá aí pior que escamungado premode uma coisa que nã vale nada?…

– Ai que nã vale nada!… Mecêa gostava que le tirassem uns versos destes, a fazerem pôrra de si desta manêra?… Gostava?… Diga lá se gostava, ham?…

– Atã nã havera de gostar?… Se fosse nestas condiçons, gostava…

– Já tá a fazer cachamorra de mim ôtra vez?!… Já nã basta o que basta?!

Pô tema ‘Lazer’, arrenjí esta…

– Nã se inzáine más quê conto-le a verdade, ti Refóias. Mái nã se parêça mal… Isto foi só uma parte quê cá e o Zé Manel le fazemos. Sem ser pre judêria… E ninguém sabe do caso a nã ser a gente.

– O quem?!…

– Sa senhora. Combinamos-se os dôs, ê cá fiz os versos e ele vêo-le contar c’m’ se fosse uma coisa que andasse já prí na boca do mundo… Mái foi só pà gente fazer aqui um coisinho de galhofa consigo e incher-se o papinho a rir.

– À minha conta!… Ê nã le acho é graça nenhuma…

– Agora, veja lá se vai logo amostrar isso a alguém…

E, nisto, parêce o Zé Manel às carcachadas drêto a mim. Atã nã é quos mariolas vinham combinados e ele fecô ali à ponta da casa a ôvir a conversa toda?!… E ê cá fui naquilo que nem um parvinho… Mái cmo eles sã boas pessoas, lá fecamos amigos ôtra vez.

E mecêas nã liguem ôs versos quo Tóino ‘Moita’ tirô qu’ aquilo foi só pa se meterem com-migo.

Querendem ver o resto dos retratos quê cá tirí, acalquem aqui na Galeria da minha VI Corrida Fotográfica de Monchique e vejam à vontade.

E vão tamém lá ô ‘Espaço Jovem’, ô pé da Junta de Freguesia de Monchique, ver a Exposição qué pa saberem o qué bom im retratos de Monchique. E é melhor nã s’ atrasarem munto qu’ aquilo acaba já no dia 25 deste mês…

Dés le dê saúde a todos. E pacência pa m’aturarem.